quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Arroz e feijão.

Só mais um dia que me deixa fraco, regurgitando o mesmo medo em outro saco. Sentindo a euforia junto com o arroz e feijão do almoço ser lançado para fora de mim. Pensando inutilmente em alguma solução, aliás, em alguma outra solução, já que a primeira opção me vem clara, franca, e com resultado satisfatório, mas não me é útil simplesmente por exigir demais de mim, e não é nenhum segredo que tenho preguiça de sofrer pra melhorar a situação. "Melhor sofrer só por sofrer mesmo" digo calado, e o mais afirmativo que posso. Estranho essa atitude, e me questiono porque pensar assim, e percebo que a ausência de ter algo significativo pra sofrer me é muito mais nocivo, porque me alimento de pequenas doses de autodestruição e me sinto confortável com isso. Pensando nisso tudo, me vem a cabeça o que pensaria as pessoas que me apoiam, e acreditam que sou capaz de algo grandioso, olhassem para minha euforia lançada ao chão, junto com o arroz e o feijão do almoço, e me pergunto se seriam capazes de continuar a engolir minha ideia.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Urso Cinzento

Qual será o tempo certo para desligar o pensamento? O Urso Cinzento foi um tanto quanto inconveniente ao me mostrar a janela da vida, porém, uma janela fechada, uma janela horrenda, e seria horrenda por completa se não fosse a sua pequena parte quebrada por onde entrava uma fresta de luz. Era apenas uma rachadura, uma doce quebra em meio a horrível harmonia da janela. Poderia passar horas admirando o pouco da vida que podia enxergar por aquela fresta, e inevitavelmente me questionava o quão grandioso seria olhar por inteiro toda essa vida. Olhar o sol, a chuva, a noite, as nuvens, a lua, olha tudo, tudo que por direito são de todos. Tudo diante dos meus olhos. Mas sem nenhum aviso o Urso Cinzento partiu com a chave da janela, e ficou meses sem dar as caras. Nesse tempo, meu único desejo era olhar toda a vida que estava atrás daquela madeira podre. Já havia olhado a vida por outras janelas, mas nenhuma me era tão interessante quanto essa, exclusivamente essa. Após seu retorno, o Urso Cinzento não justificou o motivo de sua saída, apenas revelou pequenos detalhes dessa temporada em que esteve fora. Depois de alguma conversa entediante, voltamos para a janela, e para a minha surpresa, Urso Cinzento não quis abri-la. Não, foi apenas isso que pude ler com a resposta disparada pelo seu olhar. Pude enfim perceber, que a vida atrás da janela era indiscutivelmente bela, mas o lado de cá era indiscutivelmente podre, e a chave que o Urso Cinzento possuía nunca conseguiria abrir aquela janela. Seus desejos eram mesquinhos o suficiente para não faze-lo perceber o que estava atrás da janela que ele mesmo guardava. Coitado do Urso Cinzento. Sua janela era apenas podre e cheia de bolor. Tinha sorte por ter raios de luz.

sábado, 13 de agosto de 2011

Ponto final. Próximo capítulo.


Lembro dos sonhos que eu tive no começo do ano, e claramente me vem à imagem de estar em pé a beira mar sentindo as ondas se arrastarem pelos meus pés, enquanto aquela noite escura era iluminada por fogos de artifício, e o som do mar era abafado pelos votos de felicidade das pessoas comemorando o ano novo. Neste momento lembro-me de olhar para o infinito do mar, e ter a certeza de que meus desejos estavam sendo avaliados, e possivelmente em algum momento deste novo ano estariam concluídos como desejava. Naquele dia, o mar me deu a certeza, a força, e a resposta que precisava para acreditar nos próximos meses. A sensação de mudança sempre esteve presente durante todo esse tempo em que classifiquei como uma fase de transição. Já tinha passado pelas outras mudanças necessárias em minha vida, repousei por um bom tempo na fase de preparação, e assim consequentemente eu cheguei à derradeira fase de transição. Essa transição me levaria para o momento que se consolidaria algo que destruiria muitos pilares ditos indiscutíveis até então para naturalmente erguer os novos pilares sobre as ruínas de amores reais e importantes para mim. O bem e o mal de ser sonhador é voar alto sem tirar os pés do chão. Tudo praticamente acabado, tudo praticamente destruído daquela vida velha, restando apenas o ultimo pilar a ser quebrado, e então, tudo desabara sobre mim, e sozinho terei de tirar todo peso dos meus ombros, e reconstruir minha vida da maneira correta. Não da pra fugir. Não da pra procurar ajuda, e força fora de mim. Nunca tive medo quanto a isso, mas hoje eu tenho. Tenho medo da vida. O “timing” não me diz se vai dar certo, e nem se serei feliz. Espero que esse seja o peso do negativismo que tentar obstruir a felicidade plena que alcançarei quando eu estiver de pé novamente. Espero que o mar tenha avaliado meu pedido e concluído que era o melhor para mim e para todos.  O fim chegou. Em pouco tempo tudo receberá um novo olhar. Em pouco tempo finalmente poderei ser quem sou. Em pouco tempo poderei ver quem você realmente é.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Carta de separação

Guarde segredo que te quero. O que predomina neste momento é um sentimento de fraqueza. Uma melancolia moderada, talvez um breve ódio, e até uma nostalgia boa. Exato foi a vida que tivemos, assim como a morte que derradeiramente foi se sucedendo com o tempo. Passaram-se todas as estações. Passaram-se todos os dias de sol, e todos os dias de chuva também. Passaram-se todas as emoções e boas lembranças de um espaço perdido em minha mente. De qualquer maneira ainda existe algo pra acreditar. Ainda existe um ponto invisível que é tão claro e nítido para mim. Sei que isso passa. Não sou mais tão romântico ao ponto de acreditar que o até então essencial não possa ser dissolvido com um pouco de lavagem na fonte do bom senso, mas acredite, não desejo isso. Aliás, não desejo muitas coisas como antes, e sei que não estou sendo incrédulo da boa vontade de teu ser, por apenas saber reconhecer fielmente a própria liberdade de felicidade que tanto defendo. Pois bem, desejo a ti um belo caminho a trilhar assim como continuarei com minha busca pelo meu auto-reconhecimento. Espero que as próximas pessoas ditas eternas em tua vida, sejam tratadas com esta mesma eternidade que infelizmente não foi possível entre nós.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Visão de fora

Algo foi implantado na mente daquele que jamais devemos pronunciar o nome pelo simples fato de ser estúpido demais para merecer atenção. Sabe que é diferente, e sabe que não é especial apenas por ser especial, sabe que seus traços sinuosos e escrotos pairam no ar do cérebro oco de um outro coitado qualquer, e que será visto como puro e inquestionável. Sabe bem demais esse ser estúpido! Sabe liderar outros coitados, sabe cativar e manipular esses outros coitados, sabe até falar esse ser estúpido! Sabe que é bom demais pra se achar estúpido. É um ser divino. Porém, se questiona mesmo assim. Todos sabemos o quanto não é de se esperar muito de uma criatura dessas, e todas as sua indagações são concluídas e temos um resultado que será constante durante toda sua existência. Esse resultado indica sua completa estupidez. Não é cômico? O ser que não merece nossa atenção se questiona para fugir do resultado que ele já conhece, mas não quer acreditar. Coitado. Isso que ele é. assim como os outros, e assim como todos igual a ele. Seria apropriado gastar nossa paciência tentando explicar para essa coisa que mesmo com um diferencial implantado na mente não haverá nada que possa lhe conceder o almejado título de outra coisa, a não ser esse ser estúpido que ele é? Sei que não gosta de escutar isso, mas o que ele poder fazer? É apenas uma bosta de um ser humano.

domingo, 3 de julho de 2011

Por favor, não funcione.

Sinto as paredes me engolirem enquanto me calo sob o infinito zumbido agudo que vem de dentro de minha cabeça. Não sei se já conseguiu escuta-lo alguma vez, pois apenas em um estado próximo do silêncio podemos percebe-lo, aliás, sabia que este mesmo zumbido é o responsável por determinar o fato que o silêncio não existe? Mesmo que o mundo acabasse com todos os ruídos existentes, ainda assim não é possível fugir dessa nota aguda que fica soando constantemente vindo de nossa cabeça. Acho que vale a pena você tentar escutar algum dia. 
Por mais que nada esteja em movimento, neste lugar não sou capaz de me amnesiar, deixar que a festa deixe de ser festejada, deixar que tudo se quebre e transforme-se em grãos de poeira. Não, o mesmo lugar de onde vem a nota aguda insiste em não me deixar desligar do mundo quadrado que me foi concedido, não que ele seja de meu mérito, agora adoraria dizer que tanto faz, mesmo que por poucos instantes. Posso pensar que esse som representa o barulho de um motor ligado, assim como as maquinas ligadas, na qual estamos acostumados a conviver no nosso dia-a-dia. Poderia ser uma maneira de enviar para nosso corpo dizendo que esta tudo bem, e que a maquina esta ligada e cumprindo a sua função com sucesso.  E isso não necessariamente é algo bom.
Paro pra reparar nas malditas paredes novamente, tão falhas, tão humanas, tão condenadoras de um sonho com limites. Um lugar onde o topo de um prédio é capaz de tocar o céu. Meus Deus, como vim parar aqui? Estou longe de casa. Essa é minha casa temporária, cai nela, mas não é meu lar. Deixo de pensar por alguns instantes. Me sinto em paz. A nota aguda voltar a soar quando não há mais o pensar, e assim volto a me lembrar das paredes, e de tudo que eu gostaria de esquecer. Sou falho, e tenho uma falha perfeitamente dominada, assim como uma boa maquina deve ser.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Velharia [1] : O Sorriso

Teu sorriso me humilha, sei que não deveria pensar assim, mas o que seria o mais apropriado pra se pensar quando incontrolavelmente tenho todos os meus sentidos anestesiados e não consigo sentir mais nada exceto uma dor na alma por ter simplesmente olhado para um sorriso? Destrói minha razão, meus conceitos, toda minha moral. Tento me segurar com o pouco que me restou para conseguir evitar o pior, e, aos poucos, vou tentando esterilizar o que ficou na minha memória. Mas é sempre assim, por um tempo funciona, e depois tudo volta duplamente nocivo. É assim que equilibro meus dias, é assim que funciona a rotina dos meus sorrisos, e, sim, quando se diz em sorrir por alguém tenho uma rotina, rotina ditada pelo tempo da ultima vez que tal rajada de auto-destruição foi disparada sobre meus olhos, porque simplesmente teu sorriso não sorri comigo, e o pior, não sorri pra mim.


domingo, 29 de maio de 2011

Questões de uma cabeça discutível. [1]

Eu poderia viver qualquer pessoa. Poderia ser qualquer pessoa. Poderia apenas existir como qualquer outra pessoa, mas não, não sou capaz de viver para ser apenas outro existente nesse jogo, e ser incrédulo de que sua beleza e drama não tem começo, meio e fim. Merda, porque eu não penso restritamente? Insisto em aos poucos me tornar em apenas aquilo que sou, apenas aquilo que vivo pra ser. Instintivamente alguem me pergunta: e qual é o efeito disso? Sem pestanejar lhe digo: Não vivo. Não sou. Não existo.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O reinício

Após guerras de mil tormentos, crises de preocupações, manifestos de felicidade e projetos de amores, finalmente chega o momento de olhar dentro de si e perceber o quão falho foi ultimamente. O primeiro ato é basicamente o momento que alguém ou algo lhe aponta o erro, e de modo diferente das inúmeras outras chamadas como essa, você, desta vez, encontra a perturbação em um nível incapaz de ser carregado por uma mente tão pobre, tão fantasiosa, tão desconhecedora de si que finalmente aceita a derrota. O segundo ato consiste em criar coragem e se filiar ao seu carrasco, e entender que essa forma tão contraditória lhe abrira os olhos, e quem sabe lhe fará alguém feliz. Isso mesmo, quem sabe, porque a fantasia pode ter te dominado ao ponto de não mais se adaptar a realidade. Mas caso lhe reste um pouco de força e vontade de viver, aceite a vida e siga em frente, pois ninguém gosta de estar errado, ninguém. E esse é o preço que pagamos.

domingo, 3 de abril de 2011

Não pertence

Pensamos, logo existimos. Isso é fato, porém, existir não é pertencer. Até que ponto é válido ter liberdade pra escolher, quando mais adiante sem o menor receio anulam nossas vozes, destroem nossos sentimentos, e ao menor descuido percebemos que já deixamos de viver faz tempo, apenas sobrevivemos, apenas existimos. Imagine um ciclo infinito onde do lado de fora é capaz de presenciar toda a euforia, todos os detalhes, mas magicamente não conseguimos penetrar ali e aparentemente nada consegue. Como explicar isso? Existimos apenas para não pertencer aos sonhos, à vida, e a todas as nossas vontades. Vermes que roubaram a verdadeira liberdade para alimentar o egoísmo próprio, criaram uma mentira e fizeram questão de maquiá-la e denominá-la democracia. Pertencer à verdadeira liberdade, a verdadeira vida e não mais esquecer dos sonhos que um dia amputaram de nós. Entenda que não é uma questão política.

terça-feira, 8 de março de 2011

Momento

Quem tem pressa em viver encontra o fim da própria vida precocemente. Sim, almejamos o que não temos a cada segundo de nossas medíocres vidas e passamos cada milésimo aflitos por não realizarmos os nossos desejos. Relógio nenhum nos mostrará a hora certa, e ninguém, nem mesmo nós sabemos quando e como olhar para o momento e transformá-lo no instante correto. Não tente tirar a sorte, pois ela nunca escolhera você. Mas existe algo que pode te ajudar, então tenha bom senso, tenha a humildade de se redescobrir humano, caso contrário, seus dias passaram tão rápidos e insatisfatórios quando as inúmeras experiências que realizaras nesse tempo, e quando tiver uma fresta de sossego e paz certamente já estará morto para conseguir respirar.  E quanto àquilo que pode te ajuda, apenas caminhe junto ao pulsar do seu coração que o caminho certo se abrirá na hora certa.

terça-feira, 1 de março de 2011

Criação

Sou criado mudo, cego e burro.  Torno-me com o decorrer de cada dia, com o decorrer de cada momento sem companhia, quando criminalizo algo que não entendo, quando tenho medo, receio e também quando me vejo trocando minha liberdade por dinheiro, eu vejo um simples e inútil criado mudo, cego e burro.  Sinto a morte chegar aos poucos, a morte da minha mente que sem pensar duas vezes mente e desmente a verdade para mim. Tento me convencer de algo diferente mas não tenho escolha, pois o que é certo e o que é errado dependem do ponto de vista, mas a verdade sempre vai ser a verdade, única e incorruptível. Tudo o que sei é que não preciso desta criação e não preciso mendigar um gole de felicidade. Não quero mais ser mudo, cego, e burro, mas como eliminar de vez essa doença eu ainda não descobri. Ainda não.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Início

Criação demasiada de palavras encostadas em um grupo chamado medo. Meus verbos se soletrados e analizados cuidadosamente não irão te dizer nada além de mim mesmo. E quem sou eu nessas palavras? Quem sou diante de tantas palavras? Quem perante as suas palavras e seus gostos mesquinhos podem ser alguem além de meras palavras sem graça, sem sal e sem qualquer doce dizer? Me desculpe, guardarei minhas respostas em minha aljava e quem sabe posteriormente terei o prazer de sacalas e acerta-lo, exatamente na linha do seu ego onde sustentas todo o seu medo, e, sendo assim, destruir toda a linha que envolve o meu medo também. Não devemos ter medo de nós mesmos. E isso me lembra o que o jovem poeta já dizia: Seja feliz ou morra tentando.

E um belo foda-se pra você também.