quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Desconjunto

Eravazioatéentão
Eravazio atéhoje.
      Então, tudo muda quando
         en tre  algum  delírio qual quer
                     Me en con tro  no  es pa ço
              m  e      d a n do   to do    es pa ço
                      p  a  r  a    v  e  r   e  m    m  i  m
                             o      q   u   e      s   o   u      e   u  .
               e         p    o   r      q    u    e       e    u        q    u    e    r    o
qu     e     i     s s     o     f     i     q     u     e     r  e     g     i     s     t     r     a     d     o  ?
p       ar   a           l e      m  b      r       a  r             q       u e           m     i       n h       a    s
   i      d       ei        a  s      n   ã       o        d     e    v e     m       c      a          b    e        r
a    p       e   n   a      s            e         m            u          m           e        sp      a    ç     o 
     q      u              e        s         ej              a           p       r   e           d     e      terminado.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Chuva

Vim correndo para este meio-fio procurar abrigo da tempestade de realidade que de repente caiu sobre mim. A tempestade me pegou quando eu já estava conformado a coloração cinza  das nuvens. Tão rotineiras, tão familiares, que achava que não havia mais o que desabar sobre mim. Pois bem, como consequência inevitável, aqui estou eu, nu, cru, com os cabelos molhados, pisando no chão frio enquanto o vento da tempestade bate forte contra meu corpo. Sinto um certo alívio. Não sei se é por não estar diretamente na chuva, ou é pela liberdade na qual me encontro, mesmo que em uma situação caótica. Na verdade, me sinto feliz por me livrar da minha roupa. Lembro que o problema de andar com os pés dentro do sapato é que eles nunca tocam o chão, e esse mediador simbólico que é o sapato é o culpado por me fazer esquecer de que estar na chuva também é bom, e que se preocupar com o sapato, e a roupa que vai molhar é as vezes deixar de sentir a vida na pele por uma preocupação banal. Só quando a aguá bate diretamente na pele, e quando os pés tocam diretamente o chão, ai sim posso dizer que agora estou de verdade com os pés no chão. Engraçado como tempo pareceu nunca ter mudado nesses anos, achava que o meu céu estava sempre monótono, monocromático, mas na verdade eu que sempre evitei onde poderia ter algum risco de chuva, e assim nunca me dava a chance de encontra-la. Agora, depois de ter tomado a chuva eu sinto que não há sonho, nem idealismo. Tudo vira realidade. Tudo passa a ser um só. E eu covarde como sempre, corro para o meio-fio, porque mesmo sentindo, e vivendo a verdade cair sobre a pele, tenho dor quando ela me bate, e tenho frio enquanto ela me escorre.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Deus é confuso.

Que faça-se sentido novamente no que confiei os meus sentidos. Me dê outro campo aberto pra correr quilômetros, com o prazer de não ter ninguém por perto, e berrar o suficiente pra me devolver a sensação de esperança que sempre foi minha. Tira de dentro de mim o que é bom, e não me traz paz nenhuma. Me faça um favor, pesque no mar castanho de meus olhos e me diga o que conseguiu tirar de lá. Não adianta, você sabe muito bem o que vai encontrar lá. Te dou outra chance. Não tem outra chance, mas com certeza existe outra escolha. Você vê o que faz comigo? Não diga que fui eu mesmo quem preparou estes passos. O que você quer de mim? O que você espera que eu faça!? Não me dê outras gramas de certeza quando eu preciso de toneladas dela. Escuta, você esta confuso demais. Não sei mais definir quem é quem. Você é quem tem que ser, e sempre sera. E quem sou eu? Lembra do mar que me mandou pescar? Pois é você sabe quem você é.

domingo, 17 de junho de 2012

Velharia [2]: Cade?

Até quando os dias não passaram de dias falsos de realidade parcial sobre o único e mais importante olhar, sem ser cuzão nem nada: o meu. Até o exato momento fez-se apenas dias inacabados, todos com algo a ser dito alto, e com o timbre bem claro para que lhe desse o conforto de não precisar repetir tal desgaste, mas o que acontece? Onde está a última peça? Onde está a vontade de exteriorizar o verdadeiro eu? Me dou o trabalho de fazer tais perguntas a mim mesmo, e sem nenhuma surpresa consigo achar todas as respostas com certa facilidade, mas então me pergunto: Qual o mistério nisso? Porque o medo de ser apenas completamente eu ao invés de ser apenas parcialmente eu? Um porre de sanidade e bom senso será bem mais útil que qualquer loucura. Não tenho direito de introduzir minha ideias nas mentes alheias, e sim repassa-las e deixar que entrem livres e de boa vontade.

Em tempo

Idéias que nem eu mesmo acredito, ou ao menos entendo.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Arroz e feijão.

Só mais um dia que me deixa fraco, regurgitando o mesmo medo em outro saco. Sentindo a euforia junto com o arroz e feijão do almoço ser lançado para fora de mim. Pensando inutilmente em alguma solução, aliás, em alguma outra solução, já que a primeira opção me vem clara, franca, e com resultado satisfatório, mas não me é útil simplesmente por exigir demais de mim, e não é nenhum segredo que tenho preguiça de sofrer pra melhorar a situação. "Melhor sofrer só por sofrer mesmo" digo calado, e o mais afirmativo que posso. Estranho essa atitude, e me questiono porque pensar assim, e percebo que a ausência de ter algo significativo pra sofrer me é muito mais nocivo, porque me alimento de pequenas doses de autodestruição e me sinto confortável com isso. Pensando nisso tudo, me vem a cabeça o que pensaria as pessoas que me apoiam, e acreditam que sou capaz de algo grandioso, olhassem para minha euforia lançada ao chão, junto com o arroz e o feijão do almoço, e me pergunto se seriam capazes de continuar a engolir minha ideia.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Urso Cinzento

Qual será o tempo certo para desligar o pensamento? O Urso Cinzento foi um tanto quanto inconveniente ao me mostrar a janela da vida, porém, uma janela fechada, uma janela horrenda, e seria horrenda por completa se não fosse a sua pequena parte quebrada por onde entrava uma fresta de luz. Era apenas uma rachadura, uma doce quebra em meio a horrível harmonia da janela. Poderia passar horas admirando o pouco da vida que podia enxergar por aquela fresta, e inevitavelmente me questionava o quão grandioso seria olhar por inteiro toda essa vida. Olhar o sol, a chuva, a noite, as nuvens, a lua, olha tudo, tudo que por direito são de todos. Tudo diante dos meus olhos. Mas sem nenhum aviso o Urso Cinzento partiu com a chave da janela, e ficou meses sem dar as caras. Nesse tempo, meu único desejo era olhar toda a vida que estava atrás daquela madeira podre. Já havia olhado a vida por outras janelas, mas nenhuma me era tão interessante quanto essa, exclusivamente essa. Após seu retorno, o Urso Cinzento não justificou o motivo de sua saída, apenas revelou pequenos detalhes dessa temporada em que esteve fora. Depois de alguma conversa entediante, voltamos para a janela, e para a minha surpresa, Urso Cinzento não quis abri-la. Não, foi apenas isso que pude ler com a resposta disparada pelo seu olhar. Pude enfim perceber, que a vida atrás da janela era indiscutivelmente bela, mas o lado de cá era indiscutivelmente podre, e a chave que o Urso Cinzento possuía nunca conseguiria abrir aquela janela. Seus desejos eram mesquinhos o suficiente para não faze-lo perceber o que estava atrás da janela que ele mesmo guardava. Coitado do Urso Cinzento. Sua janela era apenas podre e cheia de bolor. Tinha sorte por ter raios de luz.

sábado, 13 de agosto de 2011

Ponto final. Próximo capítulo.


Lembro dos sonhos que eu tive no começo do ano, e claramente me vem à imagem de estar em pé a beira mar sentindo as ondas se arrastarem pelos meus pés, enquanto aquela noite escura era iluminada por fogos de artifício, e o som do mar era abafado pelos votos de felicidade das pessoas comemorando o ano novo. Neste momento lembro-me de olhar para o infinito do mar, e ter a certeza de que meus desejos estavam sendo avaliados, e possivelmente em algum momento deste novo ano estariam concluídos como desejava. Naquele dia, o mar me deu a certeza, a força, e a resposta que precisava para acreditar nos próximos meses. A sensação de mudança sempre esteve presente durante todo esse tempo em que classifiquei como uma fase de transição. Já tinha passado pelas outras mudanças necessárias em minha vida, repousei por um bom tempo na fase de preparação, e assim consequentemente eu cheguei à derradeira fase de transição. Essa transição me levaria para o momento que se consolidaria algo que destruiria muitos pilares ditos indiscutíveis até então para naturalmente erguer os novos pilares sobre as ruínas de amores reais e importantes para mim. O bem e o mal de ser sonhador é voar alto sem tirar os pés do chão. Tudo praticamente acabado, tudo praticamente destruído daquela vida velha, restando apenas o ultimo pilar a ser quebrado, e então, tudo desabara sobre mim, e sozinho terei de tirar todo peso dos meus ombros, e reconstruir minha vida da maneira correta. Não da pra fugir. Não da pra procurar ajuda, e força fora de mim. Nunca tive medo quanto a isso, mas hoje eu tenho. Tenho medo da vida. O “timing” não me diz se vai dar certo, e nem se serei feliz. Espero que esse seja o peso do negativismo que tentar obstruir a felicidade plena que alcançarei quando eu estiver de pé novamente. Espero que o mar tenha avaliado meu pedido e concluído que era o melhor para mim e para todos.  O fim chegou. Em pouco tempo tudo receberá um novo olhar. Em pouco tempo finalmente poderei ser quem sou. Em pouco tempo poderei ver quem você realmente é.